O fenómeno de se fotografar, ou filmar a si próprio, em momentos de intimidade e transmitir as imagens por MMS nasceu nos Estados Unidos, e em pouco tempo a mania espalhou-se pelo mundo inteiro.
A palavra nasceu da conjunção das palavras em inglês sex e texting (sexo e envio de textos) para referir-se a uma das principais vias de difusão de imagens, através de telemóveis, que circulam na Web. Sexting significa exibicionismo.
Hoje qualquer jovem possui um telemóvel com o qual pode filmar. Estas função é útil quando usada no bom sentido, o que nem sempre acontece. Proliferam no YouTube pequenos vídeos caseiros com cenas eróticas/sexuais, ou de agressividade, entre adolescentes. Uma brincadeira entre colegas pode hoje assumir proporções sérias.
Há pouco mais de duas décadas atrás, quando um grupo de adolescentes se reunia no balneário da escola ou do ginásio, o máximo de erotismo a que eles tinham acesso era uma revista que mostrava fotografias de mulheres desnudadas.
Nu frontal, só em publicações estrangeiras. Imagens de sexo explícito eram muito raras. As revistas eram escondidas e partilhadas pelo grupo, tudo no maior sigilo.
Agora, quando o toque para o intervalo dispara e um grupo de alunos deixa a sala de aula para colocar em dia a conversa com os colegas, muitos têm algo bem mais picante para mostrar no visor do telemóvel. O que os excita são as cenas de adolescentes nuas ou a praticar sexo.
Filmes caseiros
Não se trata de cenas retiradas da internet, mas sim gravadas por colegas e distribuídas através de tecnologias a que todos os telemóveis hoje em dia têm acesso, como o Bluetooth..
Sabemos que na adolescência assiste-se ao despertar da sexualidade, o que leva a que os jovens troquem entre si, mensagens e fotografias de cariz sexual. O exibicionismo dos adolescentes é, também, uma tendência actual.
Vivemos numa época em que os limites entre o público, privado e intimo se estão a esbater. O termo «exposição» pode no entanto ser visto sob duas perspectivas. Uma, no sentido de exibição, outra como o acto de ficar à mercê de eventuais perigos.
Os estudos mostram que a maioria dos adolescentes estão cientes da exposição e não se importam porque vivem numa época em que se exalta a fama, importa aparecer nos media de qualquer maneira possível, e a Internet é hoje um ecran acessível a todos.
A exposição é muito importante entre adolescentes, porque há a necessidade de se mostrarem como forma de reafirmação da sua sexualidade. Aos olhos dos outros, cada um se define sexualmente.
Se é, ou não atraente; se os outros gostam ou não; se é homem/mulher ou não. Estas são algumas das perguntas que os adolescentes fazem a si próprios sobre sua sexualidade.
Por seu turno, as poses provocantes têm a ver com dois aspectos. Por um lado, os adolescentes estão a descobrir o que é a sexualidade e para que serve o corpo. Por outro, há que aderir ao exibicionismo impúdico que é veiculado nos meios de comunicação, lugar onde o sexo e a violencia são os “produtos” que mais vendem!
Tristes desfechos
Certo é que as histórias nem sempre têm desfecho inocente e esta “brincadeira” está a transformar-se num problema, quer para pais, quer para os próprios adolescentes. Em Portugal não existem dados oficiais sobre o fenómeno, apenas percebemos que tende a aumentar.
Brincadeiras de mau gosto deste tipo podem fazer parte de uma estratégia de vingança por parte de ex-namorados que passam a divulgar imagens da intimidade do/a antigo/a parceiro/a como forma de manchar sua imagem.
Este tipo de prática de vingança digital teve início quando um ex namorado de Paris Hilton colocou na internet o vídeo dos dois em cenas sexualmente explícitas. Paris Hilton ficou (ainda) mais conhecida depois do episódio, mas nem sempre o final da história é tão simples.
Se fizermos uma pesquisa na internet, encontramos infelizes relatos de situações de sexting que acabaram tragicamente. É o caso de Jessica Logan, uma adolescente americana que se suicidou depois de um escândalo de sexting.
A sua intenção era apenas surpreender o namorado. Fotografou-se nua e enviou-lhe pelo telemóvel as imagens. Quando o relacionamento de dois meses terminou, o jovem não hesitou em compartilhar com os amigos de seu colégio, as imagens da ex-namorada.
Em pouco tempo, as fotografias percorreram os sete colégios existentes na área. A rapariga não aguentou as provocações e os insultos de que passou a ser alvo em todo o lado. Entrou em depressão, começou a faltar às aulas e acabou por suicidar-se por enforcamento.
A situação é de tal modo grave que obrigou a uma legislação específica. Assim, quatro Estados americanos já classificam o sexting como crime de pornografia infantil ou exploração sexual de menores.
O que fazer ?
Os jovens têm de perceber que tudo o que fazem virtualmente não passa de uma extensão da sua vida real, pelo que vai ter um enorme impacto nesta. Para evitar os problemas em hipótese alguma se devem deixar filmar, ou fotografar, na intimidade.
Segundo os especialistas, as causas deste fenómeno vão desde a negligência familiar até a um maior acesso aos meios tecnológicos. Os Pais não fazem um controle adequado do uso da Web e, por seu turno, as crianças e jovens não possuem critérios para medir o que envolve mostrar-se na Web ou enviar fotos ou vídeos íntimos do telemóvel.
A brecha geracional aberta pelas novas tecnologias, produziu um paradoxo educativo muito particular já que são agora os filhos que dominam as ferramentas informáticas e podem transmitir aos pais esses conhecimentos.
Este desconhecimento por parte de dos pais traz distintas sensações nos adultos, que vão desde um temor excessivo até uma falta de interesse, produto da ignorância. Importa, então, que essa desmotivação seja ultrapassda e que os mais velhos passem a interessar-se por estas temáticas, pois só assim conseguirão dialogar com os filhos e evitar situações potencialmente desagradáveis e até perigosas.
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Filipenses 4:8: Por fim, irmãos, todas as coisas que são verdadeiras, todas as que são de séria preocupação, todas as que são justas, todas as que são castas, todas as que são amáveis, todas as coisas de que se fala bem, toda virtude que há e toda coisa louvável que há, continuai a considerar tais coisas.