sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Mentiras da sedução

Sexóloga analisa como a mentira pode ser saudável durante a fase da conquista em relacionamento 21/11/2012 Por Maria Helena Matarazzo* Sexo e amor podem parecer poços profundos, e dentro desses poços muitas vezes podem caber mentiras. No jogo da conquista, tanto os homens como as mulheres mentem para poder se aproximar e para se afastar, para conseguir se encontrar, se ligar, e também para deixar de se encontrar. Na verdade, existem vários tipos de mentira. As clássicas são aquelas que um homem conta, por exemplo, para conseguir transar com uma mulher. Nesses casos, ele por vezes diz que não é casado quando é ou que vai se separar quando não tem menor intenção de fazê-lo. A mulher, por sua vez, mente mandando mensagens contraditórias. Pode dizer: "Você é bom, ótimo, excelente, volte sempre", quando não pensa nada disso. Ou diz: "Eu juro que vou", quando não sabe se vai. Numa ponta da escala está a mentira soft, dita de leve, mais para proteger o outro ou para se proteger ("Vou só pegar uma bebida e já volto") na outra a mentira hard deslavada, com a intenção de enganar, de ludibriar, do tipo "Você pode me contar, eu nunca vou contar para ninguém". No meio da escala, vamos encontrar a mentira bem trabalhada. São aqueles casos em que, por exemplo, você dá ao outro "liberdade sexual condicional", ou seja, "faça o que quiser, exceto...". É como se dissesse: "Você é livre contanto que eu não saiba de nada, que você não se apaixone, que isso não dure, que você não fale de mim, que eu possa fazer igual, etc". E entre tantas outras existe ainda a mentira enrolada. Você mente e depois desmente, diz que não transou quando transou e que transou quando não transou. No palco da vida, a maioria das pessoas mente ocasionalmente, mas existem aquelas que mentem compulsivamente. Diz-se que sete é conta de mentiroso talvez porque quando você conta uma mentira depois precisa contar mais seis para encobrir a primeira e assim por diante. No dia-a-dia você pode usar a mentira como um escudo ou uma espada. A espada são mentiras que ameaçam, que machucam, que destroem, como inventar histórias ou mentir por inveja, por vingança. "Eu acabo com a reputação dela se ela falar mal de mim". Essas são as mentiras perigosas, malignas, ou seja, o lado negro da mentira. Mas existem as mentiras benignas, as white lies, ou seja, o lado branco da mentira. Essas são mentiras triviais, sem importância, desculpas por ter se esquecido de alguma cosia ou por ter chegado atrasado. São às vezes uma meia mentira ou uma meia verdade. Na fase de sedução, ninguém conta a verdade, toda a verdade e nada além da verdade. Sedução implica mistério, se descobrir, se desvendar. Mas pouco a pouco os lances são jogados, de uma nova maneira. O que importa não é mais blefar, mentir para impressionar, para melhorar a própria imagem. Pouco a pouco você vai deixando dicas e vendo como o outro reage. Mostrando que no seu baralho não existem só quatro ases e um curinga, mas muitas outras cartas. A vontade é poder se revelar, se exprimir sem precisar enganar, sem precisar trapacear para ser amado. Se a mentira dominar, o risco será a perda do outro, porque as zonas de mentira são contagiosas, ampliam-se , propagam-se e impedem a descoberta, o encontro para valer. A vontade é amar o outro por ele mesmo, descobrindo-o. Amá-lo por aquilo que ele é de fato e revela. Não só para fazer um jogo de aparências e ser um casal vitrine em que cada nova mentira convoca outra, porque nesse tipo de jogo existe sempre uma agenda escondida e pode-se chegar a um ponto em que basta uma mentira deslavada para liquidar a relação à queima-roupa. Portanto, a vontade é encontrar a realidade do outro e assim descobrir a verdade. *Maria Helena Matarazzo é sexóloga e autora de Amar é Preciso e Namorantes.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Filipenses 4:8: Por fim, irmãos, todas as coisas que são verdadeiras, todas as que são de séria preocupação, todas as que são justas, todas as que são castas, todas as que são amáveis, todas as coisas de que se fala bem, toda virtude que há e toda coisa louvável que há, continuai a considerar tais coisas.