sábado, 2 de abril de 2011

Traição virtual

O que é aceitável nas relações que se desenrolam pelas telas do computador
22/12/2010


por Regina Racco*

Quem trai, trai a si próprio. Assim como qualquer ação que praticamos, sempre atingimos a nós mesmos, antes de atingir o outro. E cedo ou tarde, somos obrigados a encarar essa dolorosa verdade.

Mal feito, está feito. Por isso é sempre bom pesar e medir as conseqüências antes das ações.
Discute-se sobre uma nova ética: o que é aceitável ou não no mundo virtual. É traição ou não, o tipo de relacionamento que se desenvolve nas salas de chat, nas redes sociais. Há quem diga que passa a ser traição, somente se os dois envolvidos estenderem seus contatos para o mundo real, outros consideram traição o namoro mesmo continuando no mundo virtual.
Minha leitora escreveu-me relatando sua historia: Perdeu o marido para “a maquina” (palavras dela). E continuou: O marido começou a freqüentar sites de relacionamentos, passava horas trancado no escritório, quase não interagia mais com a família. Isso durou alguns meses até a bomba final: Ele havia conhecido e se apaixonado por outra mulher. Acabou com o casamento de doze anos, deixou os quatro filhos, o emprego, sua cidade e seu Estado e partiu para o Sul do Brasil para viver o seu grande amor.
Ela ficou ainda sem entender bem o ocorrido. Enfrentou uma barra e tanto, nunca havia trabalhado fora, teve que vencer esse e outros obstáculos retomou os estudos em meio ao sofrimento intenso. Não foi fácil, mas conseguiu. Dois anos depois ela está bem, trilhando o seu caminho. Ainda tem muita mágoa, mas está levando a sua vida, descobrindo coisas novas a cada dia.
Mas, eis que depois desse tempo, ele surge!
Está sozinho e sofrendo. A dama virtual o abandonou e se foi com outro cavalheiro virtual. Ele voltou para sua cidade, se aproximou meio tímido, está agradando as crianças e dá mostras que quer retomar o casamento.



Mas minha leitora não quer mais. Confessa ter um grande carinho, apesar de tudo, por ele. Mas acabou descobrindo um mundo novo. Lembra-se do tempo em que casada, sequer poderia cogitar o fato de trabalhar fora, ele era totalmente contra! Apoiá-la para crescer como mulher? Jamais.

Hoje, domina o trabalho que faz, vai muito bem nos estudos. Seu relacionamento com as crianças está mais vibrante e consistente, sente que eles a admiram e isso a faz sentir-se feliz. Não pensa recusar por vingança. Ainda se entristece com o que passou, mas está se tratando e vencendo a mágoa. Deseja que o ex marido seja feliz, mas sente que seu casamento é de fato uma página virada. Não me escreveu em busca de conselhos, mas sim para relatar sua história e porque participou de um dos meus últimos cursos em Belo Horizonte. Junto com todas as novidades que tem vivido, descobriu que poderia ampliar seu conhecimento a respeito de sua sexualidade, por isso participara do curso.

É... Não tem mais jeito, caro marido arrependido... A sua mulher, como você a conheceu não existe mais. Encantado com o desconhecido, você deixou fugir um tesouro maravilhoso que estava ao seu lado.
A ela, os meus votos de felicidades, a vocês mulheres que enfrentam historias semelhantes, fica aqui o seu exemplo. E aos homens e mulheres que nesse momento vivem o encanto que a permissividade e o anonimato da internet propiciam fica o alerta:
Cuidado com o Canto da Sereia, hoje, ela é virtual, mas igualmente perigosa.

*Regina Racco é professora de ginástica íntima (recuperação do assoalho pélvico), e autora de vários livros, entre eles O Livro de Ouro do Pompoarismo - Curso da ginástica Íntima feminina, A Conquista do Prazer Masculino - Curso da Ginástica Íntima masculina, e Poder Sexual e Qualidade de Vida.

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Filipenses 4:8: Por fim, irmãos, todas as coisas que são verdadeiras, todas as que são de séria preocupação, todas as que são justas, todas as que são castas, todas as que são amáveis, todas as coisas de que se fala bem, toda virtude que há e toda coisa louvável que há, continuai a considerar tais coisas.