segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Amor-relâmpago

Por que as relações são cada vez mais efêmeras 

17/10/2008 

*Por Maria Helena Matarazzo 

Todos concordam que o amor é fundamental e, por isso, o buscam mais do que qualquer coisa. Há pessoas que não conseguem encontrar seu parceiro, mas a maioria encontra. Só que muitas não levam adiante a relação, pois foi formada com base em idéias falsas. A saída é aprender a estabelecer relacionamentos que preencham suas necessidades. 

Certamente todo mundo concorda que o amor é uma das mais maravilhosas, mais impressionantes, mais irresistíveis forças-motrizes na vida dos homens e das mulheres. Mas muitas pessoas que procuram o amor, que o experimentam e ficam encantadas com ele, são incapazes de sustentar um relacionamento durante um longo tempo, ou a vida toda. 

As crises de desilusão, de desapontamento, às vezes seguidas, são provavelmente, uma realidade não vida de muitos. Amor, intimidade, é o que as pessoas buscam mais do que tudo, porém é justamente nesse campo que mais ocorrem desencontros, incompreensões, confusões e tragédias. Isso devido ao fato de o amor ser desordenado, apaixonado, incerto, liberador, assustador, consolador e... ao mesmo tempo, apetitoso. Em outras palavras, ele é contraditório, diferente até para a mesma pessoa em momentos diferentes. 

Muitos "testam" seus encontros com sexo –indo para a cama.Como, em geral, a primeira vez não é a melhor, avaliam essas experiências como fracassos. E, como fracassam no teste, se afastam. Por que será que existe essa diferença tão grande entre a imagem pública do amor criada pela mídia e a experiência pessoal de cada um de nós em relação a ele? Muitas pessoas confundem sexo com amor, mas sabemos que algumas pessoas têm vida sexual intensa e nem se gostam, já outras se amam profundamente e têm uma vida sexual sem inspiração. 

Como diz o famoso sexólogo americano Sol Gordon, não se pode comparar amor com sexo, como também não se pode comprar amor com sexo. Muitas mulheres, mesmo nesse período esclarecido de pós-revolução sexual no qual vivemos, se envolvem sexualmente porque acreditam que isso pode levar ao amor, mas um número maior de homens se envolve sexualmente porque é tudo que desejam. Então, enquanto homens e mulheres não pararem de brincar com o amor, é importante conhecer as regras desse jogo e decidir se queremos ou não jogar com cartas marcadas. 

Em todas as direções que olhamos, vemos versões idealizadas, glamourizadas de amor. É como se a cultura de massa quisesse que ficássemos presos à fantasia e fizesse o possível e o impossível para incitar, promover e expandir essa idéia de amor total. Conseguir forjar um relacionamento verdadeiro no meio de todo esse hiper-romantismo faz com que uma proposta de vida a dois, que já é difícil, se torne mais difícil ainda. 

O que é único sobre nossa cultura é a crença de que amor romântico e casamento são a mesma coisa. Segundo o filósofo alemão, Friedrich Nietzche, "não é a falta de amor, mas a falta de amizade que faz casamentos infelizes". 

Realmente, estamos precisando é de redefinir o amor. Podemos ver por toda parte as conseqüências dessa nossa atitude ultra-romântica em relação a ele: a dor que paira como um fantasma no ar e os restos destroçados dos sonhos na vida das pessoas que amamos. Se vamos criar um mundo mais humano, é importante descobrir como formarmos relacionamentos que preencham nossas necessidades mais profundas e nos dêem coragem para viver. 

Vivemos num mundo desesperado por esperança. Como o amor é sempre alarmante, digamos que a esperança é seu "anjo da guarda". 

*Maria Helena Matarazzo é sexóloga e autora de "Amar é Preciso" e de "Nós Dois" e "Namorantes".

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Filipenses 4:8: Por fim, irmãos, todas as coisas que são verdadeiras, todas as que são de séria preocupação, todas as que são justas, todas as que são castas, todas as que são amáveis, todas as coisas de que se fala bem, toda virtude que há e toda coisa louvável que há, continuai a considerar tais coisas.